quarta-feira, 15 de junho de 2011

Religião, o placebo com efeitos colaterais da sociedade.

É.
Eu abandonei o blog mesmo, mais uma vez, deve ter um ano quase que não posto.
Mas vim mandar um textinho malandro!

Dizem que religião é o placebo da sociedade, certo?
Não vou falar o que acho disso, nem o que é, você já devia saber.
Mas fato é que se religião é um placebo, com certeza ele causou efeitos adversos e indesejados.
Esses dias estava conversando num grupo de colegas, no qual dois eram religiosos, até aí tudo bem, já que apesar de eu não ter religião, não condeno quem tenha.
O problema começou quando por algum assunto perdido, um deles disse: "Cara, absurdo, esses tempos atrás vi  um casal de homens, que juntos, adotaram uma criancinha. Esse mundo tá perdido."
Aí então, após uma breve discussão, cheguei a conclusão, de que infelizmente um pensamento que era apenas pra ser achado em machistas, nazistas, retrógrados, também é, lamentavelmente, parte de muitas cabeças religiosas.
O que há de errado em um casal homossexual adotar uma criança? Vamos por partes?
"A criança precisa crescer com uma imagem de pai e mãe."
Será? Quantas pessoas nesse mundão não tiveram pai e/ou mãe e mesmo assim sobreviveram? Quantas pessoas são filhos de mães solteiras e mesmo assim, sobreviveram, tiveram emprego, estudo, casaram e tiveram filhos? Poucas? Não né?
O que faz uma criança nascer e crescer bem, não é ter um homem e uma mulher em casa, é ter uma família, um lar com amor, harmonia, pacifismo e educação.
"A criança vai crescer revoltada por saber que é adotada, não tem pai e nem mãe, e sim duas mães."
Será? Toda criança tem uma mãe biológica.
E toda criança adotada deve saber que é adotada e que tem então uma família do coração.
E cá entre nós, uma criança que é adotada por um casal homossexual vai crescer uma pessoa muito melhor do que nós. Aprenderá desde cedo a exigir e cumprir seus direitos, verá mais rápido que a vida é batalha e não só flores. E claro, terá uma mente muito mais aberta que a maioria das pessoas ao redor.
SIM, a criança encontrará problemas na escola, com piadinhas, brincadeiras, ofensas.
Mas isso é bom. Bullying é necessário para o amadurecimento. Cada vez que alguma criança falar que você é adotada, não tem pai, é sapatão igual a mãe, etc., cada vez mesmo que isso acontecer, vai ser motivo de orgulho quando você entender a vida, entender a longa batalha de ser diferente nesse país.

E concluo: falar é fácil.
Encher linguiça aqui, ou em papo de bar é fácil.
Mas só caindo no chão pra sentir o cheiro do asfalto;
Então antes de me falar que crianças não merecem ser adotadas por gays, que gays não deveriam poder se casar, que gays isso, aquilo.
Lembre-se você de que, primeiro, ninguém nesse mundo quer e gosta de ser órfão. Fácil falar que nenhuma criança quer se adotada por homossexuais, difícil é se por no lugar delas. Viver em abrigos por anos, sem carinhos, sem amparo, sem o instinto maternal (que pode vir tanto de dois pais, como de duas mães).
Outra, ser homossexual já não é fácil. Nada nesse mundo é pior do que ver seus pais reprovarem algo que você é, que nasceu em você. E ainda ter que encarar gente falando que não pode, não deve, não é certo?

PORRA!
Ser humano é igual. Você é um pedaço de carne apodrecendo tanto quanto eu.
O que me faz diferente de você é o que eu penso.
É a maneira como eu ajo, minha postura frente questões que não me dizem respeito.
É o fato de eu conseguir pensar e lembrar o tempo que você, seja quem for, é sangue do meu.
Seja aos olhos de Deus, seja aos olhos da ciência, afinal há milhares de anos, todos nós tivemos um descendente em comum.
"Não sou Deus, não posso te julgar."
"O homo se diz sapiens, mas o que mais lhe parece faltar é sapiência."