domingo, 17 de novembro de 2013

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Dias atrás, conversando com uma mulher que tinha acabado de conhecer, fui perguntado sobre minha idade. Curiosamente, eu não soube responder de prontidão.
Eu tenho 23 anos agora. e quando fui questionado, parei, por segundos, pensei... 22? Ou eu tenho 24? É 23 mesmo? Em que caralhos de ano eu nasci?
1990! Isso eu tenho certeza.
E fazer a conta rápida me demorou bem mais do que deveria. Mês que nasci e o mês que estamos? Quantos dias tem até meu próximo aniversário?
Ao ponto em que respondi - 23! É isso! - fui surpreendido com a reação. Não quanto ao fato de eu parecer mais velho, isso eu já me acostumei, eu sou velho desde quando nem me sentia velho, mas quanto ao fato de ver que os dias que contabilizam a minha existência, sugerem que a forma como eu devo me portar em certas ocasiões.
Depois de alguns minutos de conversa, eu lembrei, enquanto ouvia algumas asneiras, que, como dizia Lewis Caroll, todos os meus dias, menos 23, eram meu desaniversário!
São tantos desaniversários, tantas datas que eu não guardo, que eu não lembrava de tudo que eu precisava lembrar, nem do que eu queria lembrar.
E me peguei, desapegado demais com a concepção do que é tempo, e tempo-espaço. De repente, me lembrei de que não lembrava quanto tempo tinha passado, nem quantos muros, e de que, de alguma forma, não importava mais contar.
Se o tempo que passou não volta, e analisando duma forma paralela, não foi o tempo quem passou por mim, fui eu quem passei pelo tempo, considerando a compreensão de que tempo é relativo, e distância de minutos, horas, dias, anos, são coisas ilusórias. O tempo não corre, quem corre somos nós. o tempo simplesmente está ali, como uma coisa metafísica, o tempo não se move e sou eu quem passo em voltas e caminhos por ele.
Isso me fez pensar. Porra, quantos anos eu teria se eu não tivesse contados todos os meus dias, até hoje?
Se essas subdivisões intermináveis de contagem de "tempo" não existissem? Será que viveríamos muito mais devagar por não ter pressa? Por não ter que "correr contra o relógio"? Ou será que criaríamos muito mais, pelo fato de não termos certeza de quando é o final?
Quanto anos será que eu acharia eu teria? Será que talvez o ser humano criasse a vida toda? Sabe, esse negócio de horas, dias, meses, anos, fazem as pessoas produzir mais considerando que tem um tempo certo pra parar. E se não houvesse essa noção?
Quanto tempo será que eu teria se eu não soubesse que devo ter tempo certo pra tudo?
E será que Caroll realmente coerente? Será que dia após dias é nosso desaniverário? 350 dias por ano, eu deveria comemorar cada desaniversário nessas horas?

Eu e meus costumes de dar overclock nas minhas faculdades mentais.
Comecei a viajar muito nisso.
Essa concepção de tempo é quanto exata? Digo assim, os povos antigos, se guiavam pela posição do sol e das estrelas, para saber onde estavam "no ano". Mas se eles não tinham um calendário numérico, logo eles só sabiam dizer que de um verão a outro passou um tempo, e sim, contavam os dias, mas somente os Sumérios se não me engano, foram os primeiros a marcar "horas".
Antes disso, eram dias, baseados na observação total da natureza, ok. Mas isso foi só pra dar uma ideia do que eu quero dizer.
Eu digo assim, hoje se é contado o tempo "exato", se baseando no estudo, nos movimentos do planeta e astros. E dizem que inclusive, cada ano, tem me média alguns décimos de segundos a mais, em média, devido a mudanças climáticas, terrestres, posição no sistema solar.
Mas se os cálculos permitem erros, me penso: e se toda essa contagem não realidade não devesse existir? E se soubéssemos somente que estamos em ciclos? Qualquer maior tentativa de exatidão seria errada?
Fiquei pensando que tudo isso seria melhor. Será que as conversas não teriam tanto final? O quantos nos prenderíamos aos compromissos por questão de tempo? E o quanto nos envolveríamos mais com tudo, simplesmente pelo fato de que não correríamos contra o tempo? Na minha cabeça, tudo parece melhor, o cigarro fumado, a água bebida, o primeiro espreguiçar da manhã, o sexo, o som e o todos os envolvimentos humanos. Tipo, foda-se quanto tempos estamos juntos, porque não sei direito o que é tempo, lembro de que alguns verões passaram, mas não sei dizer quanto tempo faz, sei que estamos juntos aqui até agora, até a hora que alguém decidir partir!
Na ocasião, não saberia idealizar isso de tempo, então ninguém teria que pensar nisso.
Nos dedicaríamos a tudo que fizéssemos por inteiro. 100% o tempo todo, porque qualquer hora e qualquer tempo que passasse, seria todo o tempo.
É aquilo, só acaba quando termina.


acho que inclusive, eu não perderia tanto tempo falando merda e viajando nas teorias das conspirações mais doentes do mundo.
De qualquer forma, era isso que eu estava pensando.