Quem vê de fora não entende.
Pra se ter uma ideia, levamos 2 anos e 7 meses pra chegar até aqui.
Pra se ter uma ideia, levamos 2 anos e 7 meses pra chegar até aqui.
Dois anos e sete meses trancados nessa gaiola de aço, metal e outros materiais.
Para saber se a situação era fatal, levaríamos ainda mais umas 3 semanas. E mais uns 3 meses, eu calculo, pra cairmos e explodirmos, finalmente.
Claro que, nessa hora, essa monte de minério vai ser útil pra fazer com que nossa desintegração seja instantânea.
E então lembrei daquela momento, pensei em minério, ferro, aço, metal, titânio, platina.
Nesse dia, estávamos mais ao alto, há um 8, 9 metros de altura.
Eles todos lá embaixo e eu enxergava que vira e mexe passava uma estrutura retangular, que parecia ser elétrica pelos ruídos que soltavam. Eram bem menores que nossa nave. Obviamente que em poucos segundos pensei que eram similares aos nossos automóveis.
Engraçado que comparados a população local, eram poucos. Mas eram muito parecidos com carros, andavam em marcações pavimentadas no solo. Tinham a cor laranja. Não os 'carros', as 'ruas'.
Eu já tinha visto isso algumas vezes, sabe? Mas nunca reparei, afinal, o que me chama atenção neles não são suas estruturas mecânicas, metálicas, e sim suas personalidades, individualidades, suas.. hum.. humanidades?
Acho eu, que compará-los a seres humanos, na Terra, iriam me condenar a morte. Agora, acho que não importa mais.
Enfim, seguíamos nossa expedição, quando de repente vi algo tão familiar. Tão.. Caseiro!
Dois desse auto-veículos tinham se colidido front-a-front. Me perguntei quais eram as possibilidades disso acontecer num local onde quase não passavam veículos desses.
(Penso comigo que vi seres parados ao redor da estrutura com pedaços na mão, o que era aquilo? Metal, aço? Não importa. Por quê eles estão pegando aqueles pedaços? Qual a importância do desligamento de uma máquina comparado com a talvez morte de um ser desses? Eles são incríveis.
E ao mesmo tempo me parece tão familiar.. Olhar o estrago, ligar pro seguro, chamar a polícia. A gente sempre faz isso. Às vezes, antes de ligarmos para nossa mãe. O que aconteceu com a gente? Calculei logo que eu podia estar viajando demais já. Às vezes não parecem carros, nem parecem ruas, nem parece gente, e nem tem sentimentos. A gente tem sentimento ao menos. Ou tinha...)
De fato, continuei pasmo com um acidente entre dois daqueles objetos sendo que quase nunca passa nenhum por aqui.
Pensei "Nossa, eles deviam aprender com a gente..".
Logo pensei na idiotice que pensei.
Nós deveríamos aprender com eles. Mas somos tão diferentes...
Afinal eles também são tantos e mesmo assim quase não se vê esses veículos.
E mesmo assim, vejo colisão.
Calculei pelo tempo e tamanho do local que eles não precisam de veículos.
Nós precisamos?
Acho que nunca tinha visto dois desses juntos. E de repente, vejo uma colisão.
Curioso... Lembrei que acho que lá em Casa, nunca vi uma rua sem carros.
E então fiquei nesse dilema.
Não vi se aconteceu um acidente, se haviam 'vítimas', não vi nada de tão rápido que passamos, mas vi que dois auto-veículos se colidiram.
Assim numa 'rua' tão vazia.
Fiquei com esse dilema.
Será que nós temos carros demais ou eles tem de menos?
Será que se houvesse menos carros, iriam haver menos acidentes, ou sempre alguém é demasiado humano e acabará causando uma colisão?
Hum.. me referi a eles como humanos novamente.
As pessoas andando tão distantes uma da outra.
Tão perto, mas nada próximos um do outro.
...
Diário De Bordo.
Outro planeta, mesmo mundo.
Capítulo 2.
Soldado 7.
A viagem entre nós mesmos.