segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Olho para os dois lados...

Toda rua que atravesso, olho para os dois lados.
Todo ônibus que eu pego, eu olho para os dois lados.
Toda praça que sento e pra cada cigarro que acendo,
eu sempre olho para os dois lados.

Dia ou outro, me pego suspirando sozinho, no meio da multidão.
Tantos lados, cantos, quinas, esquinas, um grande céu e pouco chão.
Procuro em algum canto, tentar enxergar o outro lado.
O lado em que eu não estou.

Atravesso a rua, e assim que pisei na calçada, lembrei:
Tenho hora marcada pra chegar, ônibus pontualmente fora de hora, 
Mas enquanto pensava nisso, avistei meu novo amor.

E é sim um amor à primeira vista, só que por outro lado, quarta ou quinta vista.
Cabelos pretos longos, pele café, olhos castanhos claros, vestido amarelo pastel, com flores brancas bem discretas.
E nós fomos felizes, sei que ela também foi.
Me olhou dentro dos olhos por cerca de 5 segundos, muito mais do que eu geralmente olho nos olhos das pessoas fúteis e desnecessárias que lido todos os dias.

Quem disse que não sou eu fútil? E ela também?
E quem disse que algum dia eu vou saber?
Eu não encontrei o outro lado, ainda.
Por todas essas razões que você não encontra um amor em qualquer esquina.

Eu não sei se vou encontrar outro lado.
Nas esquinas que eu passo correndo, onde é que eu paro pra pensar?
E das pessoas ao meu redor, quem parou e pensou em mim?
Quem me enxerga aqui? Se tem alguém, diz: que lado eu estou?

Eu estou na multidão, e ela não tem canto e não canta,
Eu estou no meio ou do seu lado?
E onde está você?
Em que lado?

Hoje sei que não morro atropelado, nem por carros nem por pensamentos.


"As ruas não mudam mas baby, talvez mudem os nomes..."


listening: agoraphobia - incubus

ando me sentindo tão sem criatividade, é a falta de sofrer e sentir, de coração...