sábado, 5 de novembro de 2011

O Grande Chato sobre "Comercial Hope"

Não é recente, mas eu sempre penso nisso e não falo:


Próximo ao fim do mês de setembro, a SPM (Secretária de Proteção a Mulher) pediu a proibição da veiculação do comercial da empresa Hope, a entidade pediu ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, o Conar, que fizesse uma análise, alegando danos à ética publicitária.
Até onde me consta, a representação inicial não encontrou falta ou abuso da ética publicitária, tendo o Conselho  De Ética do Conar pedindo o arquivamento da ocorrência.
Esse é o dito comercial:

Eu sinceramente tentei encontrar algo de tão absurdo nesse comercial.
Eu assisti e não nego que realmente o comercial mostra a mulher como objeto sexual, tentando demonstrar ela só obtém sucesso se apresentando assim.
Realmente o informe não foi muito feliz em sua investida, tentando fazer uma peça engraçada mas, saiu totalmente pela culatra. O vídeo foi considerado ofensivo e preconceituoso contra as mulheres, o moral é que a mulher deve apresentar-se sensualmente ao homem quando há de confessar algo ruim, que não deve ser percebido, devido as características de sua apresentação.
Apesar de o Conar já tem arquivado o caso, alegando que "os estereótipos presentes na campanha são comuns à sociedade e facilmente identificados por ela, não desmerecendo a condição feminina."
Eu não vim expor minha opinião sobre se é certo ou errado o conteúdo do comercial, e sim, tecer um comentário à partir desse ponto.
Me pergunto, é esse mesmo Conar que analisa os comerciais de cervejas? 
Sim, e isso me faz ver como o nosso sistema é falho. 
Porque você não vai precisar raciocinar muito pra chegar junto comigo no meu ponto de vista. Uma empresa grande como a Hope se torna um grão de areia quando comparada as empresas e indústrias de bebidas alcoólicas desse país, no caso citado, as indústrias e distribuidoras da cerveja.
Eu sempre me pego com nojo dos comerciais de cerveja que circulam pela televisão brasileira, com raríssimas exceções, eles costumam abordar sempre os mesmos temas para tentar te vender o produto: futebol, praia, festa e principalmente, mulheres de formas abundantes. 
A tática é certa, e apesar de na prática ser ao contrário, no comercial o homem possui a cerveja e então ele possui amigos e é convidado para festas onde vão ter mulheres sempre com curvas, formas, caras e bocas dignas de um bordel e, claro, ele acaba possuindo as mulheres.
Outros, ainda mais descarados, mostram que a mulher só é útil para o homem se ela vier com, trouxer ou beber cerveja.
E claro, você que frequenta bares ou estabelecimentos mais humildes com certeza já percebeu que todos cartaz de cerveja tem uma mulher de biquíni com os seios fartos nele.
Agora, me pergunto o que a SPM e o Conar tem feito para banir esse tipo de comercial? Esse tipo de atitude? 
Essa sim, na minha opinião, é a maior forma de vulgarização da mulher no nosso país. Nesses vídeos elas são sempre consideradas apáticas se não ligadas a cerveja, são puros objetos de desejo masculino, pura mensagem subliminar tentando te mostrar que se você bebe, você é interessante para as mulheres e tem muito mais chance de transar com uma desconhecida.
Acredito que nós jovens não somos tão afetados por esse tipo de publicidade mas, em qualquer lugar da cidade você pode um homem mais adulto com uma postura machista e achando que é dono do mundo quando tem bebida em mãos.
Então eu fico pensando como nosso sistema é ridículo até nessa parte. Onde fica claro que os órgãos governamentais tem peito (que ironia da palavra) para criticar e quase proibir um comercial de uma simples marca de lingerie que, por sinal, é um objeto de desejo da mulher e nunca fizeram nada e nem nunca farão algo contra esse tipo de abuso que é televisionado todo dia para nós, induzindo o consumo frequente de álcool prometendo uma vida social sexualmente ativa com mulheres que não tem papel nenhum nessa sociedade a não ser apertar os braços contra os peitos e claro, trazer mais uma gelada para você.
Resumindo, assim como quase tudo nesse país, a lei só existe pros fracos.
E então fico me pensando direto... Falam tanto dos antigos comerciais de cigarro que falavam e mostravam que fumar era glamour, bonito e até fazia bem pra garganta, dos comerciais de Coca-Cola como remédio sendo indicados até para bebês.
Todos esse absurdo apresentado em outras cores, outras mídias, outra época, e eu me pergunto:
O que mudou, afinal?