terça-feira, 17 de janeiro de 2012

a cidade vai cair

É velho. Datado em algum lugar de junho de 09.

É um... Sei lá. Hahaha

Mas portas não vão trazer mais saídas.
Você sabe, eu sei.
De toda história, de uma vida.
Nós dois sairemos ilesos do desabamento, ficamos vendo de cima, sentados nos fios, entre dois postes.
A cidade vai cair.
Os empregos, os bancos, os políticos, os bandidos e os bandidos de uniforme.
Nós falaremos sobre tazos e álbuns de figurinhas da nossa infância.
Limparão o sangue com notas e cheques, usarão suas roupas caríssimas para estacar sangramento.
Nós daremos risadas lembrando dos gibis e desenhos.
Vai ter aquela leve risada que eu vou dar, misturada com aquela sensação rápida de de alegria do passado, uma nostalgia rápida. Vai me causar um arrepio e um calafrio que quando eu piscar meus olhos se encherão de lágrimas.

Mas eles ainda continuarão lá.
Invés de disputar números, nomes, títulos e diplomas, vão procurar elogiar alguém que realmente levou porrada, que andou na sarjeta, que não foi campeão.
Alguém como eu, como nós.
Alguém que sabe que não sabe de nada.
Vão olhar pra nós e pros poucos sentados nos postes.
Mas eu vou olhar pras estrelas, vou falar pra você sobre os mistérios, extraterrestres e toda aquela loucura que eu acredito, mas sabe...

Nós amaremos fazer isso.
Todo dia a cidade treme um pouco.
E eu e você sairemos ilesos.
Somos nós, os incompetentes que, como diria Ferris, não gostam de 'ismos'.. Socialismo, capitalismo, sacou?
Não tem capas de revistas nem atração de festa.
Não temos mil melhores amigos.
Não temos ações nos bancos.
Banco é onde a gente toma café.
A ação fica por conta dos televisores.
E ser atração, pra mim, é ganhar um beijo enquanto me pede pra ficar.
Conhecer não é adquirir e decorar, é machucado.
Amar é papel do coração, não dos olhos.
Por você, então, é que eu fecho.

A cidade vai cair, e veremos de camarote.
É tudo metáfora... O fio, o sangue, o poste.
Mas eu e você não.
Sou verdade do teu lado.