quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Discos Importantes Da Década Passada.

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A gente que é da geração final dos 80, começo dos anos 90, por aí, contempla muitos sucessos dos anos 90, e principalmente dos anos 80, claro.
Mas eu deliberadamente decidi escrever sobre alguns álbuns que foram extremamente marcantes para mim na década passada, 01 ao 2010!
É uma década onde eu já era mais velho e pude conhecer de perto e acompanhar melhor muita coisas na música, e principalmente, no rock. Rock este que é foco nos álbuns que vou escolher.

Considerando o Rock Nacional, vou escrever sobre álbuns que eu acredito serem importantíssimos, considerando alguns contextos que citarei.
Talvez desnecessário dizer, mas isso aqui é um blog onde coloco minhas opiniões, logo, não espero que ninguém concorde, no máximo, se eu apresentar algo novo pra alguém, já tá mais que ótimo.

Esse aqui foi um disco divisor de águas em minha vida, então não poderia deixá-lo de fora.
De fato, vou colocá-lo em ?ª lugar, até porque não pretendo seguir uma ordem de postagem, então posso postar o 1º lugar amanhã haha.

???º Lugar - Dance Of Days - A Valsa De Águas-Vivas.

Lançado em meados de 2004, a primeira coisa a ser comentada sobre ele, é que ele deu um aspecto profissional a cena underground hardcore/punk/emo na época, devido o excelente trabalho de produção musical realizado no estúdio El Rocha, SP. Foi um marco comparado a qualidade das produções das bandas do cenário na época, como o próprio anterior do Dance, o "Coração De Tróia". Isso, claro, era ocasionado devido a falta de recursos e a precariedade em que se sustentava a cena, sem nenhum apoio cultural.
Por essa e mais um monte de razões que nem todas vou citar, esse CD pode ser considerado o "boom" da cena no Brasil ou, ao menos, no eixo RJ-SP. Mas me refiro claro ao boom na própria cena independente, porque o boom nacional viria com a popularização do termo "Emocore" e a popularização de bandas pop's como NxZero, Fresno, Hateen, entre outras. O "boom" que me refiro é na própria cena, com o aumento notável de público no shows e, principalmente, de ouvintes,o que ocorreu devido ao o encontro, no mesmo ano, da popularização da internet banda larga, Msn, Orkut e por consequência, a popularização do compartilhamento/streaming/download das bandas independentes. Claro que outro fator que contribuiu para que esse CD se tornasse um marco no Rock Independente Nacional são as participações especiais excelentes, incluindo cantores que se encontravam no mainstream. Ao todo foram quatro: Fernando Takai (Pato Fu) em Adeus, Sofia; Badauí (Cpm22) em Vai Ver É Assim Mesmo; Jair Naves (na época Ludovic) em Dorian e Henrike (Blind Pigs) em Cem Mil Bolas De Neve.
Agora saindo das características sobre a produção e falando de música, o álbum é menos metafórico e agressivo que os dois primeiros, mas contém um lirismo único e poesias geniais, que firmaram, na época, Nenê Altro como o melhor letrista do Brasil.
A primeira música "Um Dia Comum", é uma porrada sentimental, capaz de arrepiar os pelos dos caras mais durões que você conhece. Abre mostrando a carga de sentimentalismo sincero que Nenê iria expressar em todas as próximas músicas: um Nenê cantando em tons mais baixos e com menos berros, mas não com menos fúria e paixão nas coisas que ele tinha pra dizer.
Na sequência temos as canções mais pops do álbum, Vai Ver É Assim Mesmo e Adeus, Sofia, a primeira parecendo um som pra gritar a plenos pulmões e bater-cabeça no final, e a segunda pedindo isqueiros acesos e olhos marejados. 
A quarta faixa que, em minha opinião, é a melhor do álbum (e uma das mais importantes da minha vida) e dá nome ao primeiro livro do vocalista: Os Funerais Do Coelho Branco. É interessantíssima a simbiose entre a letra desistente, e a melodia melancólica, destaque para o final, onde ele descarrega tão forte a vontade de confessar que sabe do final infeliz, que parece que havia guardado os versos em sua garganta, e somente os soltou na hora da gravação.
A canção A Valsa Das Águas Vivas, que dá nome ao álbum, é incrível, tem uma rítmica ótima combinada com vocais extensos nas partes mais intensas e tem uma metáfora incrível. Já a canção Cem Mil Bolas De Neve, tem cara de hino punk, principalmente pela contribuição rasgada de Henrike, e trata de propor (em meu entendimento) que temos o Bola De Neve em nós, e não devemos mais esperar por um suposto retorno para que nos enchamos de esperança e perseverança.
"Quando O Veneno Sobe A Lança" , que parece curiosamente combinar com décima "Um Canto Para Caronte", ambas muito poéticas e com melodias que me remeteram a alguns pós-punks oitentistas, ótimas. A canção Dorian trata de mostrar uma interpretação da obra, analisando todo o obscuro que se coloca o letrista quanto a Dorian Gray. 
A música mais insana do disco é recheada de vocais ocultos, berros, riffs de guitarra que parecem hipnotizantes, e cativa tanto quanto faz pensar. Quando o dia aquece as sementes mortas fala sobre a queda, interprete do que.
Em seguida, caminhando ao final, o disco assume uma pegada um pouco mais pop, porém Antítese pode ser considerada uma música excepcional, justamente por se citar a exceção as rotinas, com uma cozinha que dá intensidade ao som, essa música para mim tem os melhores vocais do CD, intensos demais.
Chegando ao seu final, temos "Nada Demais" e "Trabalhando Em Um Bom Título (Mas Que Não Seja Repetitivo)", são mais pops, com melodias felizes e letras que aparentemente, ao menos, tratam de amores, mas não deixam de ser ótimos sons.
A obra se encerra com A Vitória (Ou Coisa Que O Valha), uma ótima canção, com uma mensagem libertária e anarquista, que mesmo pra quem não entendia alguns conceitos filosóficos na época, recebeu a mensagem positiva da música, incentivando a fazer, como fez na época Nenê, o que você quiser e deixar falsos pilares para trás, sejam eles quais forem.
Finalizando minha análise, digo que esse CD mudou a vida de muitos moleques(as) perdidos, tanto quanto eu(haha), e inseriu muito gente na cena incrível do rock/hardcore/punkrock/emo daquele momento.
É um disco denso, que precisa ser ouvido com carinho e repetitivamente para que se absorva a carga, e descarregue a sua.